Este é o título da minha primeira palestra com foco 100% não-técnica, em um evento (SouWebPel) com um público em sua grande maioria não-técnico.
Ao longo destes quase 15 anos no desenvolvimento de software sempre estive muito envolvido em comunidades, participando de eventos, palestrando e conhecendo muita gente.
Meu entusiasmo acabou me guiando para um caminho inesperado, onde juntamente com o meu sócio e primo Felipe (igualmente entusiasmado) criei a Nasc, empresa responsável pela BrazilJS.
Neste post eu abordo a história de um negócio criado totalmente de forma orgânica e conto como conseguimos trilhar um caminho de sucesso neste mercado tão competitivo e muitas vezes cheio de armadilhas e técnicas focadas apenas em gerar receita a todo custo.
Eu não falo apenas sobre o negócio em si, mas sim exploro territórios que fazem parte do meu cotidiano, como a música, fazendo uma analogia entre o desgaste desta indústria e o nosso mercado.
Além disso, o texto e a palestra abordam algumas das (má) práticas exercidas atualmente, como os Dark Patterns e estratégias baseadas na enganação absoluta.
Boa leitura 🤓
Em vídeo
Preparei um screencast também para deixar registrado em vídeo o conteúdo em um formato diferente.
Tanto vídeo, como palestra e screencast se complementam.
Slides da palestra
Prelude
Em meados de 2008, eu estava trabalhando em uma agência em Porto Alegre, a AG2.
Nesta época eu já fazia muito código JavaScript, em projetos paralelos e open-source, e também como daily job na agência.
JavaScript sempre foi minha paixão, mesmo no auge de sua impopularidade.
Porém, em 2009 algo aconteceu, não aqui no Rio Grande do Sul, e nem mesmo no Brasil, mas sim nos EUA.
Em 2009 nasceu a JSConf, a primeira conferência sobre a linguagem JavaScript.
Fiquei tão entusiasmado na época que fiz um post sobre o evento: https://jaydson.com/js-conf-2009/.
Eu concluo o post com a seguinte frase:
Pena que no Brasil a comunidade JavaScript ainda não é tão organizada e valorizada da mesma maneira.
A história poderia ter terminado por ali. Apenas uma reclamação em um post de um brasileiro frustrado.
Nascimento da BrazilJS
Ideias não valem nada. Entusiasmo não vale nada. Paixão não vale de nada.
Mesmo com a ideia na cabeça, sendo entusiasta e apaixonado, os primeiros passos foram praticamente nulos.
Iniciar um projeto do zero não é fácil. Eu tentei de várias maneiras.
Reuniões, grupo do Google Groups com algumas pessoas que se mostraram interessadas em fazer um evento de JavaScript, smalltalk na empresa, conversas em chats com pessoas da comunidade (recém engatinhando).
Nenhuma dessas ações resultou em algo palpável, e daí o aprendizado (o tweet é de anos depois, demorei a aprender):
A dica de ouro é: Tem uma ideia? Faz. Sozinho. Sem falar nada pra ninguém. Depois de algo pronto, no ar, interessados e entusiastas surgirão
— Jaydson Gomes (@jaydson) December 3, 2014
Não basta uma ideia na cabeça, por mais genial que seja, e por mais inovadora que seja.
A BrazilJS só começou a nascer quando de fato sentei com o Felipe e começamos a colocar no papel e ir atrás do que queríamos.
Em poucos meses já tínhamos palestrantes nacionais e internacionais confirmados, empresas patrocinando o projeto, um roadmap de como tudo deveria funcionar, local para o evento e uma parceria (Cristiano Milfont) que foi crucial para o projeto decolar.
A BrazilJS nos dias de hoje
A BrazilJS Conf vem crescendo ano a ano desde 2011.
O projeto que iniciou como um sonho de 2 desenvolvedores JavaScript, hoje é um negócio saudável, que gera receita, ajuda a comunidade e se mantêm relevante no meio de tanto evento que surge no Brasil e no mundo.
Nos 2 primeiros anos o evento foi feito no “peito e na raça”, contando com muita ajuda de terceiros.
O projeto não tinha ambições mercadológicas, era algo feito com o amor e dedicação de pessoas que estavam fazendo simplesmente algo que gostavam e queriam.
No terceiro ano, já com um pouco mais de maturidade, vimos que toda aquela paixão poderia também virar uma empresa.
Abrimos a Nasc em 2013, e durante mais 2 anos, Felipe e eu dividimos a vida profissional entre a BrazilJS e o trabalho tradicional, no portal Terra.
2015 foi o ano da dedicação total. Cuidar da BrazilJS já não poderia ser um trabalho de meio período.
No meu post “Novos rumos”, do mesmo ano, conto um pouco sobre essa transição.
De lá pra cá, a BrazilJS só cresceu.
Nos tornamos um portal de tecnologia, temos uma newsletter super popular com mais de 10.000 inscritos, a BrazilJS Weekly, começamos a produzir conteúdo inédito em vídeo no YouTube, entre outras ações, sempre com foco na comunidade de desenvolvedores e sempre tentando fugir dos modelos tradicionais.
Hoje a BrazilJS atinge mais de 100.000 desenvolvedores mensalmente somando todos seus canais online e offline.
Nossa projeção de crescimento para 2018 somente em eventos é bem ousada:
Além da já tradicional BrazilJS Conf, em sua 8ª edição, vamos iniciar o projeto “BrazilJS on the road”, que vai levar eventos com a curadoria BrazilJS para todo o Brasil, focando principalmente em cidades com carência de eventos de tecnologia.
Tivemos mais de 100 cidades sugeridas em uma pesquisa que fizemos com a comunidade e quase 1.000 respostas.
Como fizemos - parte I - Death to Bullshit
O nosso negócio é 100% orgânico e genuíno.
Poucas empresas conseguem criar ou manter um business com essa característica.
Mas como conseguimos atingir tamanha relevância e crescimento?
Minha resposta é: Avoid bullshit.
O mercado atual está repleto de bullshit. Evitar essa pseudo “técnica” deveria estar na missão de todas as empresas.
Em 2013 eu vi uma talk incrível do Brad Frost, chamada “death to bullshit”.
Nessa talk o Brad mostra em números o quanto o nosso mercado se tornou uma verdadeira pilha de 💩💩💩.
Death to Bullshit virou um manifesto.
Brad diz que bullshit se encontra em um espectro em algum lugar entre ineptidão e enganação absoluta, e pode ser caracterizada das seguintes maneiras:
- Supérfluo ou desnecessário
- Desorganizado, raso
- Enganador ou insincero
Alguns exemplos de bullshit no nosso mercado: Popups, jargon, junk mail, anti-patterns, sensationalism, begging for likes, tracking scripts, marketing spam, dark patterns, unskippable ads, clickbait, linkbait, listicles, seizure-inducing banners, captchas, QR codes, barely-visible unsubscribe buttons, 24-hour news networks, carousels, auto-playing audio, bloatware, sudden redirects to the App Store, telemarketing, ticked-by-default subscribe buttons, “your call is important to us”, pageview-gaming galleries, native advertising.
Anualmente eu assisto essa palestra mais de uma vez, e mesmo com dados de 2013, ela continua sendo totalmente atual e relevante.
Eu venho colecionando algumas ações que considero totalmente bullshit.
Vamos a algumas delas:
Facebook Feedback
Sinceramente, alguém acredita em alguma palavra deste email enviado pelos “robôs inteligentes” (a.k.a Machine Learning) do Facebook?
- Sou um dos clientes mais valiosos/valorizados do Facebook? Bullshit! Não gastei 1 centavo no Facebook em 2017
- Você foi selecionado? Bullshit! Isso é praticamente um spam pra toda base de usuários
- Consideram o meu feedback? Bullshit!
- Agradecem pelo meu tempo em responder a pesquisa? Bullshit!
- Confidencial? Facebook? 😂😂😂 Bullshit!
Leia mais
O “leia mais” se espalhou pela internet em quase todos sites de notícias.
No meu ponto de vista esta prática é uma afronta aos usuários/leitores.
Além de ter um objetivo sórdido por trás, normalmente a implementação técnica é extremamente mal feita, causando um resultado ainda pior ao usuário.
O “leia mais” restringe acesso direto ao conteúdo, torna a experiência maçante e deixa o seu navegador mais lento.
Como prática, eu normalmente fecho o site que usa desta artimanha.
EbookBait
Este fenômeno do Marketing digital se alastrou como praga.
Em algum momento da história essa estratégia pode ter funcionado, mas atualmente o que acontece é pura malandragem.
Conteúdo raso, com um blá blá blá que não pode nem ser considerado conteúdo e tudo isso apenas para conseguir um email válido de um possível interessado no assunto.
Atenção, dica de ouro para quem faz Ebook raso para capturar emails: Não faça.
— Jaydson Gomes (@jaydson) August 29, 2017
Dica 2: Faz um artigo aberto nas internertz, é bem + legal
Eu me atrevi a fazer o post Pensamentos sobre Inbound Marketing, onde falo um pouco mais sobre a estratégica do EbookBait.
O post teve origem em um pesquisa que fiz no Twitter e Facebook:
Sobre essa estratégia de dar o email para receber um conteúdo (ebook, artigo, vídeo, etc), sinceramente, o que vocês acham? 🧐🤔
— Jaydson Gomes (@jaydson) November 6, 2017
Das mais de 300 respostas, 41% concorda que o EbookBait é puro bullshit.
Lá no post eu incluo algumas respostas interessantes que tive na pesquisa e que justificam a origem da estratégia e também alguns motivos da adoção em massa.
Obviamente essa é uma tática nunca usada na BrazilJS e pretendemos continuar assim.
Para manter-se genuíno, temos que ser… genuínos, certo?
A lista de bulshit segue e infelizmente é infinita.
GoDaddy enviando emails sobre domínios que eu não tenho, Zap me torturando com novos apartamentos que eu não quero alugar, UniRitter chamando o seu vestibular de “Vestibular Experience” e robôs falhos do Itaú respondendo clientes que já cancelaram a conta.
Estamos cercados por todos os tipos de bullshit, em todos os canais, seja na Internet, na TV, nas lojas, em eventos.
Seja qual for o seu negócio, notar e fugir destes padrões pode se tornar um diferencial interessante.
Como fizemos - parte II - Dark Patterns
Conectado e muito relacionado ao item anterior, estão os Dark Patterns.
Traduzindo para o nosso idioma, Dark Patterns pode ser considerado “Mutreta”, “Malandragem”, “Logragem”, “Sacanagem”, ou o meu preferido, “Chinelagem”.
Não tô de brincadeira não, é isso mesmo.
Os Dark Patterns estão aí, sendo aplicados por pequenos sites e por grandes corporações.
A definição de Dark Patterns é a seguinte:
Dark Patterns são truques usados em websites e apps que fazem você comprar ou assinar coisas que você não queria.
Alguns dos principais Dark Patterns são Bait and Switch, Disguised Ads, Forced Continuity, Friend Spam, Hidden Costs, Misdirection, Price Comparison Prevention, Privacy Zuckering, Roach Motel, Sneak into Basket, Trick Questions.
Na palestra do Brad, ele cita a lei de Sturgeon, que define em uma frase muito bem tudo dito até agora sobre bullshit e dark patterns:
90% of everything is crap.
Essa frase/lei me atordoou um pouco e o niilista em mim cresceu ainda mais desde então.
Ser relevante no meio de tanta porcaria pode ser difícil, mas com dedicação e integridade é possível se destacar sem apelar para truques.
Creio que temos uma vantagem que se da pelo fato de que criamos um negócio no meio de algo que já fazíamos parte.
Quando se cria algo por pura paixão o resultado orgânico é simples consequência.
Tudo que foi feito até agora, em 8 anos de BrazilJS, foi puramente baseado no que seria bom, útil e relevante para o consumidor final, que no nosso caso é o participante de um de nossos eventos, leitor de um artigo no portal, assinante da newsletter ou do YouTube.
Isso é infalível e pode ser aplicado em todos os negócios? Não.
Sofremos por conta dessa postura? Sim.
Negar a base de emails da BrazilJS para os patrocinadores é uma briga anual.
Negar palestras comerciais, perder um bom patrocínio por não atender as expectativas do patrocinador, não fechar um valor maior por fazer algo que não acreditamos, tentar de todas maneiras justificar que o participante de um evento não é apenas um número, e que tentar justificar o investimento em um evento baseando-se apenas na possível conversão de um futuro consumidor não é uma abordagem correta, tudo isso faz parte da nossa rotina.
Os Dark Patterns nos afetam de uma maneira ou de outra.
Se os concorrentes fazem uso de alguma má-prática que pode dar algum tipo de resultado, mesmo que superficial, o mesmo nos é exigido.
O mercado é assim mesmo, mas cabe a nós lutar para continuar no time dos 10% e não dos 90%.
Como fizemos - parte III - Publicidade
Desde o nascimento da BrazilJS até os dias atuais, nenhuma publicidade tradicional foi veiculada.
Não ofertamos publicidade tradicional nos nossos canais digitais e não anunciamos em nenhum outro canal para promover nossos produtos/serviços.
Já fizemos alguns testes com Facebook e Google, mas sinceramente, o resultado foi zero.
Conseguimos ganhar alguns “likes” de pessoas aleatórias que nunca irão consumir nenhum conteúdo da BrazilJS, que nunca participarão de um evento, que não fazem parte de nenhuma comunidade de desenvolvimento de software.
Por 4 anos eu trabalhei no portal Terra, sendo que em 2 o meu foco foi tecnologia de publicidade.
Depois de entender a cadeia de envolvidos nesse mundo e como tudo funciona por baixo dos panos é difícil simpatizar com o tema.
O ecossistema de publicidade na internet está quebrado, e não sou eu que estou dizendo.
Segundo Brendan Eich, criador do JavaScript, fundador da Mozilla e agora CEO e fundador do Brave, este ecossistema foi inundado por “middleman” ad exchanges, atingiu uma complexidade enorme, faz tracking de usuários e compartilha dados entre as plataformas envolvidas.
O mundo da publicidade é tão falho e está tão desgastado que o total de receita perdida por conta de fraudes em 2017 pode chegar a $16 bilhões de dólares.
Por fraude em publicidade entenda tráfego falso, clicks gerados automaticamente por bots, etc.
O valor perdido em 2017 é mais do que o dobro de 2016.
Alguns dados estatísticos fornecidos pelo Brave são ainda mais chocantes:
- Nos últimos 12 anos, publishers perderam aproximadamente 66% de sua receita
- Em 2016, fraude em publicidade custou $7.2 bilhões de dólares, e em 2015 $6.3 bilhões
- Cerca de 50% dos dados móveis de usuários é usado para publicidade e trackers, o que custa em média $23 dólares no mês
- Publicidades tornam páginas muito lentas e fazem com que a vida útil da bateria dure 21% menos
- O Google e o Facebook, que juntos reivindicam 73% da receita de anúncios digitais e 99% de todo o crescimento, estão exacerbando a crise
Como fizemos - parte IV - Negócios orgânicos
Eu sou apaixonado por música. Ouço e adoro Rock e seus sub-gêneros, principalmente o Punk e o Metal.
Provavelmente o tópico mais presente em minha vida, talvez até mais do que tecnologia, seja a música.
Sempre tento achar alguma relação com tudo que faço com o mundo da música.
No último mês fui pela primeira vez no show do Green Day, banda que fez parte da minha adolescência.
A relação aqui é a seguinte: Como um negócio com + de 30 anos de idade consegue se manter relevante por tanto tempo?
Além disso, como é possível tamanha paixão por parte de seus “funcionários” e “consumidores”?
O “produto” ofertado pelo Green Day é totalmente orgânico, e faz com que “jovens” com mais de 30 anos cantem suas músicas sem parar durante 3 horas.
A “empresa” Green Day sabe dosar com maestria o orgânico e o comercial tradicional.
Com alguns clichês leves, um pouco de pirotecnia e um pouco de encenação teatral, o Green Day fez um dos melhores shows que já presenciei.
Cliente 100% satisfeito!
É possível ser comercial, fazer sucesso, gerar receita e ainda assim ser orgânico e genuíno.
O Punk Rock é um bom exemplo. Diversas bandas nos anos 90 tentaram se adequar e usar técnicas comerciais e acabaram deixando de existir.
Os que conseguiram achar o equilíbrio, assim como o Green Day, tiveram sucesso.
Mas também é possível ter sucesso no underground, tome como exemplo minha banda preferida: NOFX.
A banda não se rendeu à indústria da música, muito pelo contrário, trilhou o seu próprio caminho e após 30 anos continua na ativa com uma base de consumidores fiel.
Mesmo sem grandes shows a banda gerou um negócio lucrativo e achou maneiras de trilhar o sucesso.
Dadas as devidas proporções, é possível achar uma simetria com o mundo da música, ao menos eu consigo ver e aplicar soluções semelhantes.
As estratégias da indústria da música pop moderna por exemplo, são muito semelhantes com os 2 primeiros tópicos: Bullshit e Dark Patterns.
O canal VSauce explica muito bem como isso funciona no vídeo “Juvenoia”(a partir dos 14:57).
Mesmo com todas melodias matematicamente possíveis, a música pop moderna encontrou a receita perfeita para fazer músicas que seguem o mesmo padrão.
O vídeo “Why Is Modern Pop Music So Terrible?”, do canal Thoughty2, mostra em detalhes o quanto bullshit a indústria da música pop atual se tornou.
Como em tão pouco tempo (1967) fomos de uma obra prima como o disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, que é considerado um dos melhores discos de todos os tempos, para “🎶 baby, baby, baby 🎶” de Justin Bieber (2010)?
No geral, a música está ficando cada vez pior, e novamente não sou eu que estou dizendo.
Um recente estudo revelou que nos últimos anos o timbre, que é o que caracteriza a qualidade e riqueza de uma música, caiu drasticamente.
Desde os anos 60, as melodias e letras estão cada vez mais pobres.
Neste estudo foram analisadas mais de 500.000 músicas de gêneros variados de 1955 até 2010.
Estas músicas foram avaliadas por uma série de algoritmos, buscando avaliar 3 tipos de métricas: harmonia, timbre e sonoridade.
O maior pico de timbre foi encontrado nos anos 60, e vem caindo desde então.
Voltando aos Beatles, vejamos um exemplo. A música A day in the life (que é uma música pop), usou uma orquestra de 40 músicos, além é claro, de John, Paul, Ringo e George com seus respectivos instrumentos.
A música pop atual usa por padrão 4 elementos: teclado, uma drum-machine, samples e software, além é claro, de todas as técnicas mercadológicas, psicológicas e truques que fazem as pessoas gostarem de um conteúdo tão pobre.
Patrick Metzger, um músico, compositor e cantor, descreve o fenômeno “The Millennial Whoop” em seu blog.
O Millennial Whoop nada mais é que a descoberta de um Dark Pattern na música.
Segundo Patrick, o fenômeno é o seguinte:
É uma sequência de notas que alternam entre a quinta e a terceira nota de uma escala maior, tipicamente iniciando na quinta. O ritmo é geralmente é regular com oitavas, mas pode iniciar com um downbeat ou com um upbeat em diferentes músicas. Um(a) cantor(a) normalmente faz estas notas com um fonema “Oh”, frequentemente em um padrão “Wa-oh-wa-oh”
Para os mais corajosos ou descrentes, segue um vídeo que comprova o fenômeno:
Mas é claro que é possível fazer algo relevante no meio disso tudo.
Ainda existem empresas que continuam sendo genuínas e acabam tendo um resultado orgânico.
A banda Foo Fighters por exemplo, chegou a utilizar 32 vozes sobrepostas em uma de suas músicas em seu último trabalho, buscando uma sonoridade tão rica quanto o Pink Floyd.
Música pop moderna faz uso de diferentes Dark Patters, entretanto, acredito que é uma boa analogia com o nosso mundo.
Um business pode ser saudável mesmo não alcançando o mainstream, e pode alcançar o mainstream sem se utilizar de técnicas que enganam seus consumidores.
Conclusão e pensamentos para o futuro
Em 2020 realizaremos a 10ª edição da BrazilJS Conf.
Ainda faltam alguns anos e temos muito trabalho pela frente, mas sigo confiante de que enquanto nossa estratégia seguir os pilares básicos que temos desde o nascimento do projeto, chegaremos lá com uma história ainda maior de sucesso para contar.
Obviamente não existem fórmulas mágicas para o sucesso, porém, existem fórmulas que que podem levar o seu negócio para o grupo dos 90%.
Evitar o uso de tais fórmulas pode garantir a integridade e genuinidade.
As estratégias apresentadas neste texto são amplamente utilizadas e normalmente nascem já com o um propósito obscuro.
Focar de verdade no cliente/consumidor, pensar em como a sua empresa, seu serviço ou produto pode ajudar, é o que irá manter o ciclo orgânico.
O desafio para quem possui um business orgânico é achar o ponto de equilíbrio.
É claro que precisamos crescer a audiência, aumentar a receita e manter-se saudável financeiramente, mas antes disso é preciso uma reflexão e um olhar para os alicerces da empresa.
A fundação jamais pode ser atingida, e se para crescer for necessário mudar algo nesse nível, talvez o esforço não valha a pena, e pior, o esforço pode trazer resultados negativos.
Mas qual é a minha resposta para a pergunta “Como criar e manter um produto orgânico e genuíno de sucesso”?
Se os itens acima não te deram nenhum insight, listo abaixo possíveis dicas.
- Evite o “bulshitismo”
- Vá direto ao ponto, sem enganação. A verdade, mesmo não sendo tão cool, é sempre melhor
- Não siga tendências de grandes players sem antes saber se isso faz sentido para o seu negócio
- O “U” de “UX” é de User, fazer UX pensando em como enganar o seu usuário não é legal
- Patamares e paradigmas estão aí para serem quebrados
- Remova as camadas desnecessárias e foque no núcleo genuíno do seu negócio
- Não use Dark Patterns
- Busque técnicas e padrões que vão ajudar o usuário/cliente/consumidor, e não truques enganosos
- Seja 100% transparente
- O que funciona para o Google e Facebook pode não funcionar na sua empresa
- Copiar padrões duvidosos “de mercado” não isenta a responsabilidade de sua empresa
- Se o objetivo é obscuro e baseado em algum tipo de malandragem, não faça
- Busque inspiração em outros ambientes
- Seja na música ou em qualquer outra área, busque inspiração em cases de sucesso
- Identifique padrões ruins e bons e tente aplicar, ou não, no seu negócio
- Questione as técnicas tradicionais
- Ouça e aprenda com os mais experientes, mas questione os motivos
- Menos burocracia e um pouco de caos é bom
- Não acredite em fórmulas milagrosas (de lançamento, de sucesso, etc)
- O cliente nem sempre está certo
- Busque e invente novos modelos de negócio
- Busque o equilíbrio
- Em alguns casos o orgânico pode não escalar, e em alguns casos, tudo bem não escalar
- Unir técnicas de mercado com o seu negócio, sem perder a genuinidade, é a melhor abordagem
É isso, se tu chegou até aqui, fico muito agradecido pelo seu tempo 🙂
Espero ter contribuído de alguma forma para o seu negócio.
Fique à vontade para enviar enviar o seu feedback por aqui ou em qualquer outro canal.