Criar uma meta de leitura anual é aquela coisa que fazemos pensando que o simples fato de se criar a meta será suficiente para atingi-la.
Na verdade, isso vale para qualquer tipo de meta. Cria-las é fácil, nos levamos pela motivação de chegar a um marco desconhecido com o desejo de experimentar aquela ótima sensação de ter um objetivo cumprido. Quando acontece, é ótimo, nos sentimos super bem em ter conquistado algo relevante.
Essa autogamificação é legal, porém, gera frustração quando falhamos.
Este texto tem como objetivo mostrar quais foram minhas técnicas para conseguir atingir uma meta específica de 2020: a meta de leitura.
Não vale para todo mundo, não recomendo para todo mundo e muita coisa descrita aqui depende de muitos fatores, privilégios, dinheiro, tempo, paciência, entre outras coisas.
Com a premisssa estabelecida, vamos lá.
A meta
Em 2018, tomado pela empolgação, criei uma meta de leitura de 10 livros no ano.
Segui firme no início e depois fui consumido pelo dia a dia, logo percebi que não conseguiria, desmotivei e o resultado foi chegar em apenas 50% da meta.
Em 2019, foi a mesma história. Porém, para tentar me motivar ainda mais, aumentei a meta! Se em 2018 a meta era ler 10 livros e consegui ler 5, o meu eu de 2019 ingenuamente achou que aumentar seria uma boa estratégia.
Nem preciso dizer que não funcionou. Foi inclusive muito pior, com a meta de doze livros, li apenas dois em 2019.
Notavelmente eu precisava mudar a estratégia.
Não podemos pensar que ferramentas são soluções mágicas, mas somando uma boa lógica com as ferramentas certas, fica bem mais fácil de se atingir o objetivo, seja ele qual for.
Planejei ler 12 livros em 2020, mantendo a meta de 2019, mas com uma abordagem diferente.
Resultado: 15 livros lidos! Meta superada (125%)!
Lógica e ferramentas usadas para atingir o objetivo
Goodreads
A primeira ferramenta é a apresentada nas capturas de tela acima, o Goodreads.
Eu já utilizava nos anos anteriories, mas não da maneira certa (por maneira certa entendam a maneira que funcionou para mim).
Passei a utlizar o Goodreads da mesma forma que utilizo apps para acompanhamento e avaliação de séries e filmes.
Há anos eu mantenho uma rotina organizada para consumo de entretenimento usando o TV Time para séries, o IMDb para filmes e atualmente o Letterboxd também para filmes.
Com essas ferramentas eu consigo me organizar, definir o que vou ver, quando ver, criar listas, etc (em breve um texto aqui sobre isso também).
Passei a utilizar o Goodreads da seguinte maneira:
- Usar o feed de amigos para ver o que estão lendo no momento
- Procurar livros relacionados com outros do meu interesse
- Sempre que me interesso por algum livro, adiciono na lista de leitura desejada
- Passei a fazer tracking de progresso (marcar a página ou a porcentagem em que se está no livro)
Vale destacar aqui os dois últimos itens dessa lista, pois são eles os principais responsáveis pelo alcance da meta.
O fato de colocar livros de interesse em uma lista de desejos fez com que eu sempre tivesse com vontade de ler algo, mesmo antes de acabar o que estava lendo.
Manter essa lista atualizada é legal também para não se perder na imensidão de possibilidades. Ao criar uma lista personalizada só sua, com os seus interesses, fica mais fácil de decidir qual será o próximo livro a ser lido.
O tracking é o que mais funcinou para mim. Manter o progresso de cada livro me dá o gás necessário para continuar lendo e para acabar o quanto antes.
Claro, tem livro que não precisamos disso, pois a história é tão boa que a motivação é outra. Mas nem sempre é assim, ao menos nos livros que li esse ano. Muitos deles são super densos e com isso fica fácil de perder a motivação. O progresso, mesmo que de 1% faz com que o objetivo fique mais perto, o que me motiva a continuar.
Kindle
Deixando todos os poréns de lado, e são muitos (monopólio da Amazon, livros digitais não podem ser vendidos ou trocados, etc. Quem tiver interesse, procure pela obra de Jaron Lanier), o Kindle me ajudou bastante a atingir a meta de leitura.
Na real, não é necessariamente o Kindle, é uma rotina somada com um dispositivo confortável para leitura.
Durante 2020 eu mantive a rotina de ler antes de dormir. Não foi necessário (no meu caso) ter um tempo cronometrado. Às vezes li por mais de uma hora, em outros dias li apenas 10 minutos.
E isso foi crucial, ler sempre, não importa quantos minutos. Uma página já era suficiente.
Audible
Outra ferramenta/serviço que me ajudou muito em 2020 foi o Audible (sim, muitos poréns, Audible é da Amazon).
De novo, não é apenas a ferramenta, é a soma da rotina com uma ferramenta boa.
10 dos 15 livros da meta foram ouvidos e não lidos.
Audiolivro é algo que estava fora do meu radar e fico muito feliz de ter apostado nesse formato em 2020.
Não é para todo mundo, seja pelo custo ou pelo costume mesmo. Algumas pessoas conseguem ler mais rápido e o livro escrito sempre vai ser melhor.
Eu até que leio relativamente rápido, mas nem se compara com a versão áudio, que inclusive posso controlar e aumentar ou diminuir a velocidade.
O que acho mais legal no audiolivro - e que torna a experiência única - é o fato de que alguns livros são narrados pela própria pessoa que o escreveu.
Por exemplo, um dos livros mais legais desse ano para mim foi a autobiografia do Flea, baixista do Red Hot Chili Peppers.
Fiz até um review aqui no blog para quem tiver interesse: https://jaydson.com/reviews/acid-for-the-children-flea-memoir/
No momento estou ouvindo “A Promised Land”, último livro do Barack Obama, narrado pelo própro. A experiência é muito legal.
Os livros
Eu falhei em conseguir fazer review de todos os livros, mas alguns estão disponíveis aqui no blog na seção Reviews.
Como citei anteriormente, ter uma lista de desejos facilita muito.
Gostei de praticamente todos os livros que li esse ano.
- Zucked: Waking Up to the Facebook Catastrophe (Roger McNamee)
- Weapons of Math Destruction: How Big Data Increases Inequality and Threatens Democracy (Cathy O’Neil)
- Permanent Record (Edward Snowden)
- The Master Switch: The Rise and Fall of Information Empires (Tim Wu)
- Requiem for the American Dream: The 10 Principles of Concentration of Wealth & Power (Noam Chomsky)
- Factfulness: Ten Reasons We’re Wrong About the World – and Why Things Are Better Than You Think (Hans Rosling)
- Acid for the Children (Flea)
- The Anarchist Banker (Fernando Pessoa)
- How Fascism Works: The Politics of Us and Them (Jason Stanley)
- Serving the Servant: Remembering Kurt Cobain (Danny Goldberg)
- 14 Hábitos de Desenvolvedores Altamente Produtivos (Zeno Rocha)
- No Filter: The Inside Story of Instagram (Sarah Frier)
- The End of Everything (Astrophysically Speaking) (Katie Mack)
- Algorithms of Oppression: How Search Engines Reinforce Racism (Safiya Umoja Noble)
- The Attention Merchants: The Epic Scramble to Get Inside Our Heads (Tim Wu)
Estatísticas
Em 2020 li/ouvi 15 livros, totalizando 4.137 páginas.
A média de páginas por livro foi de 275.
Entre os livros que li, o mais popular entre outras pessoas foi o Factfulness.
Investi R$1.075,59 no Audible (1 ano de assinatura que dá crédito para 1 livro por mês), R$245,30 em livros para o Kindle e alguns físicos (que ainda não terminei).
2020 foi o ano que mais li/ouvi.